Com o regresso de nomes gigantes como Arcade Fire, Kendrick Lamar, Queens of The Stone Age e The National e os trabalhos de alguns nomes ascendentes como Julien Baker ou Wolf Alice, quais terão sido os álbuns que deixaram marca em mim? No final quais foram os meus álbuns de eleição?
Antes de mais devo dizer que estas escolhas são baseadas na minha preferência pessoal e na minha perceção relativamente à qualidade dos álbuns em questão, ou seja, são escolhas puramente pessoais.
Vamos partir então a descoberta.
10 º - Waxahatchee – Out In The Storm
Artista – Waxahatchee
Duração – 32:49
Gênero – Alternative Rock
Data de Lançamento – 14/07/2017
O quarto álbum de estúdio da artista Indie-Folk Norte Americana
Waxahatchee apresenta-se como um álbum “mais rock” que alguns trabalhos
anteriores, mais próximo mesmo do Alternative Rock do que o seu habitual Folk.
Este Out in The Storm vai variando entre excelentes faixas
mais Rock como a primeira Faixa, “Never Been Wrong” e a excelente “Silver” e
faixas mais calmas e tradicionalmente folk como “Recite Remorse” e “A Little
More”. Ao longo de todo o álbum pode ser notada uma forte carga emocional que
se traduz tanto a nível da lírica como a nível instrumental
Uma audição obrigatória para apreciadores tanto de Folk como
de Alternative Rock.
Faixas Chave: Never Been Wrong; Silver; No Question.
9º – Courtney Barnett & Kurt Vile – Lotta Sea Lice
Artista – Courtney Barnett e Kurt Vile
Duração – 44:33
Gênero – Indie Rock
Data de Lançamento – 13/10/2017
Um álbum relativamente inesperado, a junção de dois nomes
ascendentes do Rock, dois talentos reconhecidos e com provas dadas em nome
próprio. Será seguro dizer que para nenhum destes dois artista este foi o
melhor registo discográfico, mas também é seguro afirmar que se trata de um
álbum que muito gozo lhes deu fazer.
O álbum é uma mistura de “covers” de musicas a solo de ambos
os artistas e novidades como o excelente single Over Everything. Curiosamente
estes “Covers” acabam por ser dos pontos mais fortes do álbum, com especial
destaque para Outta Woodwork (Cover de uma das musicas criminalmente underrated
retirada dos primeiros EPs de Courtney Barnett) e Peepin’ Tom.
As vozes de ambos encaixam de forma bastante eficaz e o
álbum acaba por ser fiel à sonoridade dos trabalhos anteriores de ambos, sendo
que é um must para os fãs de Rock Alternativo e para os fãs de ambos os
artistas.
Faixas Chave: Over Everything; Outta Woodwork; Peepin’ Tom.
8º Paramore – After Laughter
Artista – Paramore
Duração – 42:31
Gênero – Synthpop; Pop-Rock
Data de Lançamento – 12/05/2017
Ok, este foi uma enorme surpresa, se não fosse a
recomendação de vários amigos provavelmente nem sequer tinha ouvido este álbum,
mas a verdade é que… é mesmo muito bom. Sim Paramore, a banda da nossa
adolescência, que fazia o Rock mais adolescente em todo o planeta, produziu um
excelente álbum em 2017.
Forte em influências dos anos 80 (nomeadamente de New Wave),
mas também com alguma influência de Indie-Rock e especialmente Synthpop (gênero
que mais facilmente define este álbum), apresenta-se com um álbum maduro e
forte em influências sónicas de qualidade. A nível lírico apresenta-se como um
álbum pesado e depressivo (e levado até nós pela excelente voz de Hayley
Williams), porém o instrumental indica alegria e energia, digamos que o álbum
tenta sorrir perante os tempos difíceis, um conceito interessante.
Porém o álbum apresenta os seus pontos fracos, nomeadamente
a segunda metade do mesmo que sabe a pouco especialmente quando na primeira
parte temos musicas que nos ficam presas na cabeça durante semanas como Hard
Times e Told You So.
Em resumo, uma das propostas mais interessantes de 2017, e
uma mudança sónica que me deixa com água na boca para o que os Paramore venham
a apresentar no futuro.
Faixas Chave: Hard Times; Told You So; Caught In The Middle.
7º Laura Marling – Semper Femina
Artista – Laura Marling
Duração – 42:19
Gênero – Folk
Data de Lançamento – 10/03/2017
Laura Marling, uma das melhor songwriters dos nossos tempos,
não há duvidas disso mesmo. E para confirmar o que acabei de escrever eis que
aparece o este Semper Femina.
O primeiro single deste álbum, Soothing apresentava-se como
algo bastante novo para a sonoridade de
típica de Laura Marling, era arrojado, mas elegante ao mesmo tempo,
deixou água na boca. Porém essa sonoridade não foi totalmente continuada no álbum,
acabamos por ter um álbum mais tradicional de folk, sendo que Laura Marling não
desilude de qualquer maneira e apresenta mais um trabalho brilhante.
Don’t Pass Me By apresenta-se como uma das melhores faixas
de Laura Marling, uma faixa tensa em que a guitarra e a voz de Marling nos
guiam por uma história carregada de melancolia. Outro ponto alto do álbum é
Wild Once, onde Marling faz uso da guitarra acústica.
No fim trata-se de mais um excelente capítulo numa
discografia já muito cheia (em quantidade e mais importante em qualidade)
especialmente tendo em conta que Marling tem neste momento apenas 27 anos de
idade.
Faixas Chave: Soothing; Don’t Pass Me By; Wild Once.
6º Zola Jesus – Okovi
Artista – Zola Jesus
Duração – 39:59
Gênero – Gothic Pop; Dark Wave.
Data de Lançamento – 8/9/2017
Depois de um álbum menos bem recebido em Taiga, Zola Jesus
volta as suas raízes e apresenta um álbum menos “Pop” mais “Dark” e mais
conectado com as suas origens.
Okovi apresenta-se como um álbum forte do ponto de vista
emocional, sendo que a sua produção acompanha estas temáticas fortes criando
assim uma sonoridade urgente e em momentos de uma audição menos fácil.
Após uma intro algo “underwhelming” (Doma) chega Exhumed, o
primeiro single e, sem duvida, o ponto alto do álbum (e talvez das melhores
musicas deste ano), uma musica urgente, pesada e extremamente “Dark”, acaba por
coloca a fasquia bem alta para o resto do álbum, e definir também o tom para o
que se segue, vale a pena escutar. A faixa seguinte, Soak, é também um dos
grandes momentos deste álbum, onde os vocais de Zola Jesus parecem
particularmente eficazes. O álbum tem também momentos de audições mais
acessível, como Siphon, um dos momentos mais Synthpop do álbum.
Mais uma vez, também aqui a segunda parte do álbum deixa
algo a desejar em relação à primeira metade, porém este não deixa de ser um
excelente registo e um claro regresso de forma para Zola Jesus, estou ansioso
por ver mais nos próximos tempos.
Faixas Chave: Exhumed; Soak; Siphon.
5º Tyler The Creator – Flower Boy
Artista – Tyler The Creator
Duração – 46:33
Gênero – Alternative Hip Hop
Data de Lançamento – 21/7/2017
Ora Tyler The Creator, uma das figuras mais sui generis do
Hip Hop, e da musica em geral, a nível mundial. Depois de um álbum que
dececionou muita gente, Cherry Bomb, Tyler The Creator lança este Flower Boy,
um claro regresso a sua melhor forma.
Trata-se de um álbum mais maduro a diversos níveis, tanto a
nível lírico como a nível de produção, mas com aquele toque de loucura (e
genialidade) a que o Tyler nos habitua desde o inicio da sua carreira, seja em
faixas mais “agressivas” como o single “I Ain’t Got Time” ou em momentos mais
relaxados como “911/Mr Lonely” Tyler faz sempre questão de apresentar uma analise
a sua própria personalidade e permitir uma viagem aos seus pensamentos.
Um dos lançamentos mais interessantes do ano, e obrigatório
para apreciadores do gênero.
Faixas Chave: I Ain’t Got Time; 911/Mr Lonely; Who Dat Boy.
4º Chelsea Wolfe – Hiss Spun
Artista – Chelsea Wolfe
Duração – 48:19
Gênero – Doom Metal; Metal Experimental
Data de Lançamento: 22/09/2017
Antes de 2017 nunca tinha conhecido o trabalho de Chelsea
Wolfe, e devo confessar, trata-se de uma falha enorme, os seus trabalhos
anteriores são de grande qualidade (ouvir Feral Love do seu álbum de 2013 “Pain
is Beauty” e Iron Moon do álbum “Abyss” para confirmar o que eu digo). Este
Hiss Spun continua assim o nível dos trabalhos anteriores de Chelsea Wolfe, uma
sonoridade dark, arrastada, que mistura elementos típicos de Doom Metal com
elementos de Folk e Rock Alternativo, um verdadeiro tesouro.
O álbum começa menos bem, com talvez a faixa menos boas do
mesmo “Spun”, mas rapidamente melhora com a sequência de “16 Psyche” e “Vex”.
Esta ultima é para mim uma das melhores faixas de 2017, com uma evolução que
culmina com a introdução de Growls no final da musica acompanhando os vocais
mais “frágeis” de Chelsea Wolfe e um excelente instrumental para uma das faixas
mais interessantes feitas em 2017, a não perder.
Outros pontos interessantes do álbum são sem duvida “The
Culling” e “Twin Fawn”, sendo que esta ultima é particularmente interessante e
uma verdadeira montanha russa sonora. O álbum tem também os seus momentos mais
“calmos” em “Offering” e “Two Spirit” mas nunca sem abandonar as suas raízes
Doom e a sua sonoridade negra.
Uma das propostas mais interessantes de 2017 e um 4º lugar
merecido, façam um favor a vocês próprios e pesquisem também a discografia
anterior da Chelsea Wolfe, vai valer a pena.
Faixas Chave: 16 Psyche; Vex; Twin Fawn.
3º Julien Baker – Turn Out The Lights
Artista – Julien Baker
Gênero – Indie-Folk
Data de Lançamento – 27/10/2017
Depois de um magnifico álbum lançado em 2015 (Sprained
Ankle) a cantautora natural do Tennessee, Julien Baker, volta para nos
presentear com um fantástico trabalho.
Turn Out The Lights não é um álbum fácil, é pesado
emocionalmente, extremamente melancólico e bastante depressivo, não é para ser
ouvido em qualquer momento, porém há uma certa simpatia neste álbum, uma certa
esperança escondida no meio do desespero. É um álbum bastante depressivo, sim,
mas também é um álbum aconchegante de certa maneira.
O álbum abre com uma intro
instrumental que prepara o caminho para “Appointments” um dos momentos altos do
álbum e que define claramente todo o tom do álbum que se segue, “maybe it’s all
gonna turn out all rigth/ And i Know that it’s not, but i have to believe that
it is”, canta Baker, sobre um instrumental low key mas perfeito para o poema
que Baker nos canta, uma faixa tocante, pesada, a forma ideal para começar este
álbum. Seguem-se Turn Out The Lights e Shadowboxing, ambas excelentes faixas,
que mantêm o tom do álbum.
Trata-se mesmo de um álbum
bastante coeso no que toca ao seu tom e peso emocional, o que o pode tornar uma
audição complicada.
O álbum termina com a brilhante
Claws in your back, uma faixa que nos remete para a luta contra a depressão e
pensamentos auto depressivos, sendo que no fim Baker canta“I change my mind/ I
wanted to stay” representando a vontade de enfrentar estes mesmos problemas,
numa mensagem final positiva de esperança. Uma excelente forma de acabar este
álbum.
Um dos álbuns indispensáveis de
2017, para quem ainda não ouviu está na hora de o fazer.
Faixas Chave: Appointments; Turn Out The Lights; Claws In Your Back.
Arista: Kendrick Lamar
Duração: 54:54
Gênero: Hip Hop
Data de Lançamento: 14/04/2017
Depois do brilhante “To Pimp A
Butterfly” lançado em 2015, todo o mundo acabou por colocar os olhos em
Kendrick Lamar, e este não desiludiu e voltou a apresentar um trabalho de
enorme qualidade.
Não há muito mais a dizer em
relação a Kendrick Lamar e a este álbum, portanto aqui serei curto.
Uma audição mais linear e menos
complicada que o álbum anterior, talvez não no mesmo patamar, na minha opinião,
mas perto. Kendrick Lamar com este Damn acaba por reforçar a sua posição como o
principal nome do Hip Hop na atualidade, e como um dos maiores nomes da musica
em geral. Este álbum contou com a ajuda a nível de produção de nomes fortes
como BadBadNotGood e James Blake.
Algumas das principais faixas
incluem a incrível “DNA” (uma das melhores faixas de 2017), “HUMBLE” e
“FEAR”.
Faixas Chave: DNA; HUMBLE; FEAR.
Antes de chegarmos ao numero 1 irei apenas indicar algumas
menções honrosas.
Moonspell – 1755 – A maior banda de Metal portuguesa lança
este ano um incrível álbum baseado no terramoto de 1755. Inteiramente cantado
em português, os Moonspell apresenta um álbum muito sólido com momentos fortes
e de audição obrigatória como “In Tremor Dei” e “Desastre”, a não perder,
especialmente para quem aprecia sonoridades mais pesadas.
Queens Of The Stone Age – Villains – Os QOTSA regressaram aos álbuns após o brilhante …Like Clockwork, porém, na minha opinião, longe
desse nível. A produção de Mark Ronson, neste novo álbum parece algo
desajustada para a sonoridade dos QOTSA e algumas faixas (como o single The Way
You Used To Do) estão um pouco abaixo do esperado. Mas a verdade é quando o
álbum é bom, e realmente bom, faixas como Villains Of Circunstance e Fortress
são pontos altos a serem conferidos.
Mallu Magalhães – Vem – A artista brasileira voltou com o
álbum novo Vem, apresentando uma sonoridade fresca e faixas que ficaram no
ouvido ao longo do ano como “Você Não presta”.
The National - Sleep Well Beast - Talvez a faixa do ano esteja neste álbum, "The System Only Dreams In Total Darkness", outras faixas interessantes estão também por este álbum, porém não posso deixar de notar que por vezes o álbum acaba por soar a underwelming. Mesmo assim um dos lançamentos mais interessantes de 2017.
The National - Sleep Well Beast - Talvez a faixa do ano esteja neste álbum, "The System Only Dreams In Total Darkness", outras faixas interessantes estão também por este álbum, porém não posso deixar de notar que por vezes o álbum acaba por soar a underwelming. Mesmo assim um dos lançamentos mais interessantes de 2017.
E agora o momento pelo qual todos esperavam…
Artista - Lorde
Duração - 40:58
Gênero – Pop
Data de Lançamento – 16/06/2017
E eis que chegamos ao numero 1, ao melhor álbum de 2017 (na
minha opinião), e aqui encontramos mais um álbum que eu não pensei ir figurar
nesta lista, Melodrama da Lorde.
Melodrama é um álbum interessante de analisar por diversos
motivos, em primeiro lugar, este álbum não precisava de ser assim tão bom,
Lorde estava numa posição no que toca a sua popularidade que lhe permitia jogar
pelo seguro e apresentar um álbum mais fácil de ouvir e mais comercial, aliás
do ponto de vista de vendas e de projeção esse mesmo álbum poderia ser mais benéfico
para ela. A realidade é que Lorde
arriscou e manteve-se fiel á sua arte e aos seus princípios, e assim nasce este
Melodrama.
Curiosamente, na minha opinião, a faixa mais fraca do álbum
é exatamente a primeira “Green Light” a faixa mais genérica, com uma sonoridade
menos original e riffs de piano igualmente menos inspirados, porém foi
selecionado como single e apresentou grande sucesso. Não é que seja uma má
faixa, porque não é, simplesmente, na minha opinião é uma faixa que não
apresenta o mesmo nível de inovação, originalidade e criatividade que o resto
do álbum apresenta. Já que falo dos pontos negativos do álbum, existe apenas
uma outra faixa que acaba por nunca me ter conseguido encher as medidas, estou
a falar da ultima faixa do álbum “Perfect Places” que na minha opinião partilha
alguns dos mesmos problemas que a faixa “Green Light”, mas numa escala menor.
Mas falando do que faz este álbum o meu favorito de 2017,
podemos começar a observar já na segunda faixa, Sober, e especialmente na
terceira faixa, Homemade Dynamite, musica pop extremamente bem construída, muito
bem interpretada, e inovadora, uma lufada de ar fresco neste género provando
que ainda existe muito a explorar no mesmo, e que este não se limita ao que se
ouve nas principais rádios deste país. A sonoridade é rica, dinâmica e a interpretação
e lírica de Lorde é incisiva e eficaz em capturar as emoções desejadas.
Outras faixas a não perder são a excelente Writer in The
Dark, Sober II (Melodrama), The Louvre, e a incrível viagem sonora que é a Hard
Feelings/Loveless.
Resumindo, um trabalho incrível de Lorde e todos os outros
envolvidos no álbum (Flume por exemplo), um justo numero 1, e um álbum que me
tem acompanhado em diversas sessões de trabalho. Fico imensamente curioso para
ver o que Lorde nos vai apresentar em seguida, esperando que o caminho continue
pela inovação.
Faixas Chave: Homemade Dynamite; Hard Feelings/Loveless;
Writer In The Dark.
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