terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Top 10 Álbuns 2017

Ora, chegando mais uma vez o mês de Dezembro, está na altura de fazer a revisão do que este ano nos ofereceu do ponto de vista musical. Foi um ano com vários lançamentos interessantes, um upgrade em relação a 2016 (que também teve alguns trabalhos interessantes, ver My Woman da Angel Olsen por exemplo), mas ainda longe do incrível ano que foi 2015.
Com o regresso de nomes gigantes como Arcade Fire, Kendrick Lamar, Queens of The Stone Age e The National e os trabalhos de alguns nomes ascendentes como Julien Baker ou Wolf Alice, quais terão sido os álbuns que deixaram marca em mim? No final quais foram os meus álbuns de eleição?
Antes de mais devo dizer que estas escolhas são baseadas na minha preferência pessoal e na minha perceção relativamente à qualidade dos álbuns em questão, ou seja, são escolhas puramente pessoais.

Vamos partir então a descoberta.

10 º -  Waxahatchee – Out In The Storm



Artista – Waxahatchee
Duração – 32:49
Gênero – Alternative Rock
Data de Lançamento – 14/07/2017

O quarto álbum de estúdio da artista Indie-Folk Norte Americana Waxahatchee apresenta-se como um álbum “mais rock” que alguns trabalhos anteriores, mais próximo mesmo do Alternative Rock do que o seu habitual Folk.
Este Out in The Storm vai variando entre excelentes faixas mais Rock como a primeira Faixa, “Never Been Wrong” e a excelente “Silver” e faixas mais calmas e tradicionalmente folk como “Recite Remorse” e “A Little More”. Ao longo de todo o álbum pode ser notada uma forte carga emocional que se traduz tanto a nível da lírica como a nível instrumental

Uma audição obrigatória para apreciadores tanto de Folk como de Alternative Rock.



Faixas Chave: Never Been Wrong; Silver; No Question.  

9º – Courtney Barnett & Kurt Vile – Lotta Sea Lice



Artista – Courtney Barnett e Kurt Vile
Duração – 44:33
Gênero – Indie Rock
Data de Lançamento – 13/10/2017

Um álbum relativamente inesperado, a junção de dois nomes ascendentes do Rock, dois talentos reconhecidos e com provas dadas em nome próprio. Será seguro dizer que para nenhum destes dois artista este foi o melhor registo discográfico, mas também é seguro afirmar que se trata de um álbum que muito gozo lhes deu fazer.
O álbum é uma mistura de “covers” de musicas a solo de ambos os artistas e novidades como o excelente single Over Everything. Curiosamente estes “Covers” acabam por ser dos pontos mais fortes do álbum, com especial destaque para Outta Woodwork (Cover de uma das musicas criminalmente underrated retirada dos primeiros EPs de Courtney Barnett) e Peepin’ Tom.

As vozes de ambos encaixam de forma bastante eficaz e o álbum acaba por ser fiel à sonoridade dos trabalhos anteriores de ambos, sendo que é um must para os fãs de Rock Alternativo e para os fãs de ambos os artistas.



Faixas Chave: Over Everything; Outta Woodwork; Peepin’ Tom.

8º Paramore – After Laughter



Artista – Paramore
Duração – 42:31
Gênero – Synthpop; Pop-Rock
Data de Lançamento – 12/05/2017

Ok, este foi uma enorme surpresa, se não fosse a recomendação de vários amigos provavelmente nem sequer tinha ouvido este álbum, mas a verdade é que… é mesmo muito bom. Sim Paramore, a banda da nossa adolescência, que fazia o Rock mais adolescente em todo o planeta, produziu um excelente álbum em 2017.
Forte em influências dos anos 80 (nomeadamente de New Wave), mas também com alguma influência de Indie-Rock e especialmente Synthpop (gênero que mais facilmente define este álbum), apresenta-se com um álbum maduro e forte em influências sónicas de qualidade. A nível lírico apresenta-se como um álbum pesado e depressivo (e levado até nós pela excelente voz de Hayley Williams), porém o instrumental indica alegria e energia, digamos que o álbum tenta sorrir perante os tempos difíceis, um conceito interessante.
Porém o álbum apresenta os seus pontos fracos, nomeadamente a segunda metade do mesmo que sabe a pouco especialmente quando na primeira parte temos musicas que nos ficam presas na cabeça durante semanas como Hard Times e Told You So.

Em resumo, uma das propostas mais interessantes de 2017, e uma mudança sónica que me deixa com água na boca para o que os Paramore venham a apresentar no futuro.


Faixas Chave: Hard Times; Told You So; Caught In The Middle.


7º Laura Marling – Semper Femina



Artista – Laura Marling
Duração – 42:19
Gênero – Folk
Data de Lançamento – 10/03/2017

Laura Marling, uma das melhor songwriters dos nossos tempos, não há duvidas disso mesmo. E para confirmar o que acabei de escrever eis que aparece o este Semper Femina.
O primeiro single deste álbum, Soothing apresentava-se como algo bastante novo para a sonoridade de  típica de Laura Marling, era arrojado, mas elegante ao mesmo tempo, deixou água na boca. Porém essa sonoridade não foi totalmente continuada no álbum, acabamos por ter um álbum mais tradicional de folk, sendo que Laura Marling não desilude de qualquer maneira e apresenta mais um trabalho brilhante.
Don’t Pass Me By apresenta-se como uma das melhores faixas de Laura Marling, uma faixa tensa em que a guitarra e a voz de Marling nos guiam por uma história carregada de melancolia. Outro ponto alto do álbum é Wild Once, onde Marling faz uso da guitarra acústica.

No fim trata-se de mais um excelente capítulo numa discografia já muito cheia (em quantidade e mais importante em qualidade) especialmente tendo em conta que Marling tem neste momento apenas 27 anos de idade.


Faixas Chave: Soothing; Don’t Pass Me By; Wild Once.


6º Zola Jesus – Okovi



Artista – Zola Jesus
Duração – 39:59
Gênero – Gothic Pop; Dark Wave.
Data de Lançamento – 8/9/2017

Depois de um álbum menos bem recebido em Taiga, Zola Jesus volta as suas raízes e apresenta um álbum menos “Pop” mais “Dark” e mais conectado com as suas origens.
Okovi apresenta-se como um álbum forte do ponto de vista emocional, sendo que a sua produção acompanha estas temáticas fortes criando assim uma sonoridade urgente e em momentos de uma audição menos fácil.
Após uma intro algo “underwhelming” (Doma) chega Exhumed, o primeiro single e, sem duvida, o ponto alto do álbum (e talvez das melhores musicas deste ano), uma musica urgente, pesada e extremamente “Dark”, acaba por coloca a fasquia bem alta para o resto do álbum, e definir também o tom para o que se segue, vale a pena escutar. A faixa seguinte, Soak, é também um dos grandes momentos deste álbum, onde os vocais de Zola Jesus parecem particularmente eficazes. O álbum tem também momentos de audições mais acessível, como Siphon, um dos momentos mais Synthpop do álbum.

Mais uma vez, também aqui a segunda parte do álbum deixa algo a desejar em relação à primeira metade, porém este não deixa de ser um excelente registo e um claro regresso de forma para Zola Jesus, estou ansioso por ver mais nos próximos tempos.


Faixas Chave: Exhumed; Soak; Siphon.


5º Tyler The Creator – Flower Boy


Artista – Tyler The Creator
Duração – 46:33
Gênero – Alternative Hip Hop
Data de Lançamento – 21/7/2017

Ora Tyler The Creator, uma das figuras mais sui generis do Hip Hop, e da musica em geral, a nível mundial. Depois de um álbum que dececionou muita gente, Cherry Bomb, Tyler The Creator lança este Flower Boy, um claro regresso a sua melhor forma.
Trata-se de um álbum mais maduro a diversos níveis, tanto a nível lírico como a nível de produção, mas com aquele toque de loucura (e genialidade) a que o Tyler nos habitua desde o inicio da sua carreira, seja em faixas mais “agressivas” como o single “I Ain’t Got Time” ou em momentos mais relaxados como “911/Mr Lonely” Tyler faz sempre questão de apresentar uma analise a sua própria personalidade e permitir uma viagem aos seus pensamentos.

Um dos lançamentos mais interessantes do ano, e obrigatório para apreciadores do gênero.


Faixas Chave: I Ain’t Got Time; 911/Mr Lonely; Who Dat Boy.


4º Chelsea Wolfe – Hiss Spun



Artista – Chelsea Wolfe
Duração – 48:19
Gênero – Doom Metal; Metal Experimental
Data de Lançamento: 22/09/2017

Antes de 2017 nunca tinha conhecido o trabalho de Chelsea Wolfe, e devo confessar, trata-se de uma falha enorme, os seus trabalhos anteriores são de grande qualidade (ouvir Feral Love do seu álbum de 2013 “Pain is Beauty” e Iron Moon do álbum “Abyss” para confirmar o que eu digo). Este Hiss Spun continua assim o nível dos trabalhos anteriores de Chelsea Wolfe, uma sonoridade dark, arrastada, que mistura elementos típicos de Doom Metal com elementos de Folk e Rock Alternativo, um verdadeiro tesouro.
O álbum começa menos bem, com talvez a faixa menos boas do mesmo “Spun”, mas rapidamente melhora com a sequência de “16 Psyche” e “Vex”. Esta ultima é para mim uma das melhores faixas de 2017, com uma evolução que culmina com a introdução de Growls no final da musica acompanhando os vocais mais “frágeis” de Chelsea Wolfe e um excelente instrumental para uma das faixas mais interessantes feitas em 2017, a não perder.
Outros pontos interessantes do álbum são sem duvida “The Culling” e “Twin Fawn”, sendo que esta ultima é particularmente interessante e uma verdadeira montanha russa sonora. O álbum tem também os seus momentos mais “calmos” em “Offering” e “Two Spirit” mas nunca sem abandonar as suas raízes Doom e a sua sonoridade negra.

Uma das propostas mais interessantes de 2017 e um 4º lugar merecido, façam um favor a vocês próprios e pesquisem também a discografia anterior da Chelsea Wolfe, vai valer a pena.



Faixas Chave: 16 Psyche; Vex; Twin Fawn.


3º Julien Baker – Turn Out The Lights



Artista – Julien Baker
Gênero – Indie-Folk
Data de Lançamento – 27/10/2017

Depois de um magnifico álbum lançado em 2015 (Sprained Ankle) a cantautora natural do Tennessee, Julien Baker, volta para nos presentear com um fantástico trabalho.
Turn Out The Lights não é um álbum fácil, é pesado emocionalmente, extremamente melancólico e bastante depressivo, não é para ser ouvido em qualquer momento, porém há uma certa simpatia neste álbum, uma certa esperança escondida no meio do desespero. É um álbum bastante depressivo, sim, mas também é um álbum aconchegante de certa maneira.
O álbum abre com uma intro instrumental que prepara o caminho para “Appointments” um dos momentos altos do álbum e que define claramente todo o tom do álbum que se segue, “maybe it’s all gonna turn out all rigth/ And i Know that it’s not, but i have to believe that it is”, canta Baker, sobre um instrumental low key mas perfeito para o poema que Baker nos canta, uma faixa tocante, pesada, a forma ideal para começar este álbum. Seguem-se Turn Out The Lights e Shadowboxing, ambas excelentes faixas, que mantêm o tom do álbum.
Trata-se mesmo de um álbum bastante coeso no que toca ao seu tom e peso emocional, o que o pode tornar uma audição complicada.
O álbum termina com a brilhante Claws in your back, uma faixa que nos remete para a luta contra a depressão e pensamentos auto depressivos, sendo que no fim Baker canta“I change my mind/ I wanted to stay” representando a vontade de enfrentar estes mesmos problemas, numa mensagem final positiva de esperança. Uma excelente forma de acabar este álbum.

Um dos álbuns indispensáveis de 2017, para quem ainda não ouviu está na hora de o fazer.


Faixas Chave: Appointments; Turn Out The Lights; Claws In Your Back.


2º Kendrick Lamar – Damn.


Arista: Kendrick Lamar
Duração: 54:54
Gênero: Hip Hop
Data de Lançamento: 14/04/2017
Depois do brilhante “To Pimp A Butterfly” lançado em 2015, todo o mundo acabou por colocar os olhos em Kendrick Lamar, e este não desiludiu e voltou a apresentar um trabalho de enorme qualidade.
Não há muito mais a dizer em relação a Kendrick Lamar e a este álbum, portanto aqui serei curto.
Uma audição mais linear e menos complicada que o álbum anterior, talvez não no mesmo patamar, na minha opinião, mas perto. Kendrick Lamar com este Damn acaba por reforçar a sua posição como o principal nome do Hip Hop na atualidade, e como um dos maiores nomes da musica em geral. Este álbum contou com a ajuda a nível de produção de nomes fortes como BadBadNotGood e James Blake.
Algumas das principais faixas incluem a incrível “DNA” (uma das melhores faixas de 2017), “HUMBLE” e “FEAR”. 

Faixas Chave: DNA; HUMBLE; FEAR.


Antes de chegarmos ao numero 1 irei apenas indicar algumas menções honrosas.

Moonspell – 1755 – A maior banda de Metal portuguesa lança este ano um incrível álbum baseado no terramoto de 1755. Inteiramente cantado em português, os Moonspell apresenta um álbum muito sólido com momentos fortes e de audição obrigatória como “In Tremor Dei” e “Desastre”, a não perder, especialmente para quem aprecia sonoridades mais pesadas.

Queens Of The Stone Age – Villains – Os QOTSA regressaram aos álbuns após o brilhante …Like Clockwork, porém, na minha opinião, longe desse nível. A produção de Mark Ronson, neste novo álbum parece algo desajustada para a sonoridade dos QOTSA e algumas faixas (como o single The Way You Used To Do) estão um pouco abaixo do esperado. Mas a verdade é quando o álbum é bom, e realmente bom, faixas como Villains Of Circunstance e Fortress são pontos altos a serem conferidos.

Mallu Magalhães – Vem – A artista brasileira voltou com o álbum novo Vem, apresentando uma sonoridade fresca e faixas que ficaram no ouvido ao longo do ano como “Você Não presta”.

The National - Sleep Well Beast - Talvez a faixa do ano esteja neste álbum, "The System Only Dreams In Total Darkness", outras faixas interessantes estão também por este álbum, porém não posso deixar de notar que por vezes o álbum acaba por soar a underwelming. Mesmo assim um dos lançamentos mais interessantes de 2017. 

E agora o momento pelo qual todos esperavam…


1º Lorde – Melodrama



Artista - Lorde
Duração - 40:58
Gênero – Pop
Data de Lançamento – 16/06/2017

E eis que chegamos ao numero 1, ao melhor álbum de 2017 (na minha opinião), e aqui encontramos mais um álbum que eu não pensei ir figurar nesta lista, Melodrama da Lorde.
Melodrama é um álbum interessante de analisar por diversos motivos, em primeiro lugar, este álbum não precisava de ser assim tão bom, Lorde estava numa posição no que toca a sua popularidade que lhe permitia jogar pelo seguro e apresentar um álbum mais fácil de ouvir e mais comercial, aliás do ponto de vista de vendas e de projeção esse mesmo álbum poderia ser mais benéfico para ela.  A realidade é que Lorde arriscou e manteve-se fiel á sua arte e aos seus princípios, e assim nasce este Melodrama.
Curiosamente, na minha opinião, a faixa mais fraca do álbum é exatamente a primeira “Green Light” a faixa mais genérica, com uma sonoridade menos original e riffs de piano igualmente menos inspirados, porém foi selecionado como single e apresentou grande sucesso. Não é que seja uma má faixa, porque não é, simplesmente, na minha opinião é uma faixa que não apresenta o mesmo nível de inovação, originalidade e criatividade que o resto do álbum apresenta. Já que falo dos pontos negativos do álbum, existe apenas uma outra faixa que acaba por nunca me ter conseguido encher as medidas, estou a falar da ultima faixa do álbum “Perfect Places” que na minha opinião partilha alguns dos mesmos problemas que a faixa “Green Light”, mas numa escala menor.
Mas falando do que faz este álbum o meu favorito de 2017, podemos começar a observar já na segunda faixa, Sober, e especialmente na terceira faixa, Homemade Dynamite, musica pop extremamente bem construída, muito bem interpretada, e inovadora, uma lufada de ar fresco neste género provando que ainda existe muito a explorar no mesmo, e que este não se limita ao que se ouve nas principais rádios deste país. A sonoridade é rica, dinâmica e a interpretação e lírica de Lorde é incisiva e eficaz em capturar as emoções desejadas.
Outras faixas a não perder são a excelente Writer in The Dark, Sober II (Melodrama), The Louvre, e a incrível viagem sonora que é a Hard Feelings/Loveless.

Resumindo, um trabalho incrível de Lorde e todos os outros envolvidos no álbum (Flume por exemplo), um justo numero 1, e um álbum que me tem acompanhado em diversas sessões de trabalho. Fico imensamente curioso para ver o que Lorde nos vai apresentar em seguida, esperando que o caminho continue pela inovação.


Faixas Chave: Homemade Dynamite; Hard Feelings/Loveless; Writer In The Dark. 

Sem comentários:

Enviar um comentário